terça-feira, 29 de junho de 2010

Revista Aulas - sobre Michel Foucault

Aos que se interessam por entender mais de Foucault, indico uma revista que possui textos e, ainda, aulas (vídeos) sobre a teorização desse grande Filósofo.

Sugiro, para começar, os vídeos de Alfredo Veiga-Neto, que fala das três fases de Foucault e, ainda, o vídeo de Priscila Piazentini Vieira, que fala da parrhesía.

http://www.unicamp.br/~aulas/

Apreciem!

sábado, 26 de junho de 2010

Músicas de Capoeira

Criei uma lista de reprodução de músicas de capoeira no youtube. Quem aprecia a arte da capoeira e suas cantigas, aí vai a lista:

http://www.youtube.com/watch?v=zgfMV9WqJ6k&feature=PlayList&p=8109DC0DEB1374A1&playnext_from=PL&index=0&playnext=1

Provavelmente, escolhi algumas repetidamente; não liguem.

Quem tem capoeira no sangue vibra ao ouvir tais músicas. Coisa linda é a cultura negra! Vicia!

Abraços aos meus amigos da capoeira!!!

Jeice

terça-feira, 22 de junho de 2010

Baratas, fim do mundo em 2012 e Twitter

Esse é o esquisitinho que anda fazendo sucesso com o seu “maspoxavida”. Que bom que ainda existem esquisitinhos por aí. Adoro gente esquisita. Esse aí, além de esquisito, é vesgo: mistura bombástica!!!!!
O vídeo abaixo, tive que postar aqui, afinal, ele fala do Twitter (ohhhhhh... e quem não fala!?!?!). É que eu concordo plenamente com a opinião dele. Há outros vídeos dele, muito engraçados e esquisitos (claro). Adoro comediantes de temas cotidianos.

Twitter é um dos sintomas do homem moderno: que cada vez menos sabe o que é, portanto, cada vez mais precisa (do olhar) dos outros para sentir-se (mesmo que ilusoriamente) mais consciente de si mesmo.

E um salve aos esquisitinhos desse mundo!

Abaixo, o vídeo!


Abraços,


Jeice Campregher




quarta-feira, 16 de junho de 2010

O haver - Vinícius de Moraes

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.




http://www.youtube.com/watch?v=u6LcZfStlfc


.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Frase do dia - Epicuro

Frase de Epicuro (341 a.C.).

Quando se é jovem, não se pode evitar de filosofar e, quando se é velho, não se deve cansar de filosofar. Nunca é muito cedo ou muito tarde para cuidar de sua alma. Aquele que diz que não é ainda, ou que não é mais tempo de filosofar, parece àquele que diz que não é ainda, ou não é mais tempo de atingir a felicidade. Deve-se, então, filosofar quando se é jovem e quando se é velho, no segundo caso (...) para rejuvenescer ao contato do bem, pelas lembranças dos dias passados, e no primeiro caso (...) afim de ser, ainda que jovem, tão firme quanto um velho diante do futuro. (p. 85)

Firmeza! Metas! Objetivos respeitáveis. Ser jovem com um olhar maduro é o que há.

Jeice Cam-pre-gher

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Especial dia dos namorados

Estive lendo um texto que era algo como “não consegue arrumar namorado (a), veja o que os especialistas têm a dizer”. Em meio ao texto, eram citados vários especialistas de grandes universidades de grandes cidades de grandes países – tudo grande, ficou claro? Já tinha visto de tudo. Já vi sujeitos formados em Letras, podendo falar sobre linguagem e comunicação. Especialistas em moda, podendo ditar tendências. Doutores em história, narrando como as coisas aconteceram. Licenciados em biologia, ditando a lógica “natural das coisas”. Enfim, sujeitos formados em determinadas áreas do conhecimento falando sobre objetos que interessam a essa área.

Contudo, especialista em relacionamento é algo novo para mim. Na verdade, se nos embasarmos em Foucault, é tudo muito estranho: precisamos passar por rituais e por diversas “lapidações” até que, finalmente, podemos receber o título ou o carimbo para poder proferir verdades daquela área. Ou seja, você não cria nada, apenas fica papagaiando – e, mesmo assim, é respeitado e aplaudido. Bem, apesar de tudo isso ser estranho, penso que “especialista em relacionamento” tenha batido o recorde de excentricidade. Como pode alguém ser especialista nisso?

Academicamente, tal especialista passou por mesmos processos das outras áreas. Mas, diga-me se não seria mais interessante se os critérios para considerar alguém especialista em relacionamento fossem mais práticos: ter se casado, pelo menos, três vezes (e separado por vontade própria, claro); ter atestado, por parte dos antigos cônjuges que, durante a madrugada, eram mestres em levantar para olhar o nenê; ou que eram mestres na arte do eterno flerte e/ou eterna arte de saber que a conquista é algo nunca conquistado; atestado que eram bons em ouvir críticas, aprendiam com elas; blá-blá-blá; enfim, acho que os critérios para nomear alguém “especialista em relacionamento” deveriam ser mais práticos.

Se fossem esses os critérios, na verdade, todos nós seríamos meio especialistas em relacionamento. Ao menos, seríamos especialistas acerca de relacionamentos que já vivemos; afinal, depois que saímos deles, somos todos especialistas: “não deu certo por isso, por isso e por isso” – ora, por que não se tornou especialista durante e não fez algo durante então? OK, voltando ao assunto). Se fosse assim que as pessoas se tornassem especialistas, isso não seria nada legal para o meio intelectual, a academia: ela precisa ter o domínio sobre as formações, precisa deter o privilégio de formar e de dar, ao final da formação, os títulos. Em outras palavras, as pesquisas precisam de cientistas, os cientistas precisam de diploma, que, por sua vez, é dado pela universidade e, esta, todos adoram e louvam, assim como louvam o fruto da ciência (tudo isso repetida e ciclicamente).

Na verdade, parando com as brincadeiras, pergunto: como alguém pode ser especialista nisso em termos gerais, ou seja, em relacionamentos em geral. Ora, como alguém pode ditar regras do que é bom ou ruim, do que dá ou não certo, do que é ou não adequado para “alguém não ficar sozinho”.

Bem que já dizia o poeta (não lembro qual) que, se conseguíssemos enxergar as coisas nuas e cruas elas seriam, em primeiro lugar, engraçadas. Bem, ao menos, eu acho engraçado. E penso, ainda, que achar engraçado as normas que circulam em nossa sociedade seja um jeito de nos “desassujeitarmos”, libertarmo-nos delas. Como diria Foucault: fazer as verdades se confessarem, confessarem que não tem fundamento nenhum. Adoro dar risada na cara das verdades. E por isso admiro tanto os comediantes: eles conseguem perceber as pequenas coisas ridículas em nossa sociedade (ou a própria sociedade ridícula).

Há, ao nosso redor, o tempo todo, por todos os meios, orais ou escritos, verdades circulando. Verdades que fragmentam e fazem uma quebra entre o que é certo e o que é errado (não verdades naturais, verdades criadas, claro). Normas. Normatizações. Etiquetas. Coisas como: “ser uma boa mulher ou um bom homem é ser ______”, “ser uma pessoa livre significa _____”, “para ser verdadeiramente um cidadão é preciso _______”, “ser uma pessoa resolvida ou madura é ser _______”, “para ser um verdadeiro machão latino você tem ______”, “uma verdadeira bicha louca tem que ______” – e, claro, como não poderia faltar, o tema que moveu este texto – “para não ser alguém encalhado e/ou solteiro, você tem que ______”.

Enfim, das várias formas que temos para completar essas lacunas, não importa, todas são verdades já construídas. E elas nos atingem, quer queiramos ou não. Se as fizemos “se confessarem”, estamos, ao menos, sendo menos passivos nessa coisa louca que se chama SER.



Jeice Campregher (não aceite imitações)


quarta-feira, 2 de junho de 2010

Sandra Maia - Pingos nos is

Li esses dias a coluna da Sandra Maia. Nossa, achei demais! Vai muito ao encontro do que eu penso. Parece que fui eu que escrevi! Esse texto me diz algo do tipo: "se a ex do seu namorado não larga do pé dele, a culpa não é dela, é dele". Frase bonitinha, acabei de "criar". Por que eu digo isso? Bem, porque mulher adora explicações prolixas das coisas, até ficar tudo bem claro: "vamos ficar por aqui por isso, por isso e por isso; não gosto mais de você, perdi o tesão, você está muito gorda; ache alguém que te ature". E se não ficou claro que terminou ou porque terminou, a culpa geralmente é da pouca explicação/conversa. Claro que há casos em que a pessoa não tem um pingo de simancol ou amor próprio - apesar de uma boa explicação, ainda assim, não consegue se imaginar sozinha. Coitada. Essa dificilmente vai ser verdadeiramente amada: só somos amados se nos amarmos, não tem outro jeito.

Para falar a verdade, homem deve gostar de ter uma ex "sempre aí" para ele. Se terminar com a atual namorada, terá alguém logo aí para se divertir. Homem é foda nesse sentido. Não sabe a crueldade que é deixar alguém a sua espera ou com esperança. Isso trava a vida, o caminho de uma pessoa. Isso é uma espécie de morte - estagnação, empedramento.

Conheço bem como eles pensam. Cresci em meio a homens, tenho grandes amigos homens, enfim, sei do que falo: eles não tem problema em cozinhar alguém em banho maria. Aí eles vão dizer "mas eu não faço nada disso". Aí a mulher responde "aí é que está o problema: não fazer nada". Isso já dá esperança para uma mulher obcecada. Bem, para falar a verdade, já vi o inverso acontecendo. Tem mulher bem sacana nesse sentido também. Pensando bem, talvez até mais - principalmente mulher insegura, que não sabe se vai encontrar "coisa melhor" (acho, talvez, que seja coisa de gente insegura).

OK, estou me prolongando. Vamos ao texto. Boa leitura e guardem isso com carinho. Achei MUITO bom!


Jeice Campregher

***

Sandra Maia - Pingos nos is

Será que fazemos isso – colocamos os pingos nos is – quando terminamos uma relação? Nem sempre, não é mesmo? Em muitos casos, tudo o que conseguimos é dizer para o outro é “Não dá mais. Não estou bem. O amor acabou”. Isso nos ajuda, nos tira a culpa? Ajuda o outro? Eu respondo: não ajuda. É claro que não precisamos bater em “cachorro morto”, mas colocar para o outro pontos positivos e negativos da relação pode ajudá-lo a se transformar para uma relação futura.

Se gostarmos, se vivemos uma relação, somos um pouco responsáveis pelo outro. Se cativarmos, se o fizermos parte da nossa história – não importa por qual período foi – somos, sim, responsáveis. Então qual será a escolha? Deixamos o outro ir embora sem receber qualquer feedback ou rasgamos o verbo e, abrimos para esse outro o que nos incomodou, o que não bateu o que ficou?

Há relações que entramos para tentar esquecer a outro. E, infelizmente, a presença, esse novo amor – por vezes – não é suficiente para nos tirar do poço de solidão que nos encontramos. E, nesses casos, ok – não há mesmo o que falar. O outro não tem culpa, o outro não teria como fazer qualquer diferença na nossa vida. Não estamos abertos, não temos condições de receber ou dar amor. Estamos ainda doidos, machucados, a ferida está lá aberta.

Mas em muitos outros casos, podemos, ou melhor, devemos colocar os pingos no is. O outro vai nos ouvir, vai compreender, vai aceitar? Pode ser que sim, pode ser que não. Mas, ainda assim, sou da opinião que devemos falar o que vai dentro.

Esta semana, conversando com uma amiga ela reclamava… O namorado de seis anos simplesmente lhe disse: “Precisamos conversar, está tudo acabado, não vamos mais nos ver – você merece outro muito melhor do que eu”. Tragédia! Resultado: ela ficou perdida durante quase um ano – sem saber o que aconteceu. A sensação da perda, misturada à dúvida, a deixavam mais que confusa. Ele não deu qualquer pista, não foi claro, não foi honesto – depois de seis anos, só o que conseguiu falar foi “não dá mais”.

Erros
Pode até ser que ele não tivesse condições de se expressar adequadamente e então preferiu se esconder. Mas fato é, para nós, humanos, toda vez que fechamos uma porta queremos saber o que ficou para trás. O que precisamos corrigir para o futuro, para as próximas oportunidades. Queremos compreender onde erramos.

Até porque os problemas que ficam abertos voltam durante nossa vida. Isto é, tudo o que não foi aprendido retorna para que possamos evoluir crescer… E, nesse contexto, ajudar o outro também nos faz melhor. E é claro que tudo depende da INTENÇÃO.

Não vamos sair por aí falando todo o tempo verdades nuas e cruas sem nos preocupar com os sentimentos e a saúde emocional do outro. Mas, podemos sim contribuir para o seu crescimento.

Essa situação – de avaliação, retorno, feedback – vale para tudo. Imagine um chefe que a cada desapontamento com sua equipe troca a todos, os manda embora sumariamente sem qualquer possibilidade de uma segunda chance… Pois é, difícil não é mesmo? O problema é que muitos de nós vive assim o dia a dia – despedindo a tudo e a todos que estão ao seu entorno , toda vez que se vê obrigado a confrontar-se ou abrir mão de alguma crença errônea. Quem perde mais na relação: quem despede ou é depedido? Complexo.

Por vezes é melhor mesmo ir embora, ficar livre, experimentar a liberdade e, quem sabe, nesse meio tempo, reorganizar-se, conhecer outras pessoas, etc. Melhor estar só que mal acompanhado… Por isso, o que fazemos com o que vivemos é nosso. Podemos aprender ou continuar errando. Escolhas, sempre escolhas.