segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Meu velho (por mim - carta publicada em livro)


"Meu velho" é o nome de uma carta que publiquei num livro intitulado "As cartas que eu nunca mandei", de 2009 - organizado pelo jornalista Marcelo Puglia, de SP. Nesse livro, também fiz toda a parte de revisão textual e copidesque: não só revisão de gramática, mas também mudanças e aperfeiçoamentos textuais nas cartas de cada um dos autores do livro. Foi uma grande experiência para mim.


Totalmente produzida por meu "eu lírico", abaixo, a minha carta intitulada "Meu velho".

Ô, meu velho! Apesar da falta que sinto de tantas coisas, eu sei que você precisava ir. Você se agarrou a tudo que pôde. Sei que já não tinha forças para lutar contra o movimento avassalador e constante que é a vida. Imagino que essa é uma característica comum aos velhos: ter medo da metamorfose, o casulo é mais seguro.

As coisas mudaram tanto... Deixe-me contar sobre o meu tempo. Hoje em dia, meu velho, é preciso muita coragem para falar: as pessoas andam tão magoáveis. Em seu tempo, podia-se ser natural, com algumas restrições. Hoje, a naturalidade é a exceção. Nem tudo é como você imaginava. Seus sonhos, de tempos de liberdade, eram ilusões, pode ter certeza. A cada ano que passa, as obrigações aumentam. Ah, como era bom o seu tempo! E você nem percebia. Não há como explicar, pois são pontos de vista diferentes e, ainda, julgar o passado com olhos do presente é sempre duvidoso.

Espero que se sinta feliz por receber minha atenção. Hoje as pessoas parecem esquecer que seus velhos já existiram. E, caso se lembrem, esquecem-se do aprendizado que deixaram e de compreendê-los. Gostam de recordar histórias, geralmente as que seus velhos estão na posição de heróis ou pobrezinhos. As pessoas costumam contar histórias de heróis para se orgulhar e histórias de pobrezinhos para justificar o sentimento de fracasso, culpando o “cruel destino”.

Meu velho, percebi que quando não me conheço no ato, em você posso encontrar o esclarecimento. Quando choro sem motivo, posso encontrar em você a razão. Como posso recalcar, esquecer – como a maioria faz –, se você ainda motiva minhas emoções?

Oh, meu velho, meu velho eu, meu eu da infância, o eu que já fui... em algum momento você se perdeu de mim... e eu não sei quando! Nem sei se foi de repente, em uma situação qualquer, ou se a vida foi me mudando aos poucos e, sem que eu notasse, foi me distanciando de você. Não sei. Só sei que hoje, num relâmpago de lucidez, olhei-me no espelho e, procurando, não o enxerguei. Então, buscando desesperadamente fotos antigas, não reconheci a mim. O que vi foi um “você”!

Oh, doce ser! Perdoe essa personalidade forte e dura que tomou o seu lugar, atropelando seus sonhos e esperanças. Para mim, ainda mais triste que ter atropelado os sonhos é ter atropelado a sua capacidade de sonhar. Acho que não sei mais fazer isso (neste momento, você diria: “você pode tudo!”. Jamais conheci poder maior que a sua fé!).

Agora, eu me sinto organizando meu interior: fazendo um balanço das perdas e ganhos. Quem sabe o “eu escritor” seja simplesmente o tal “superego”; ou um “alterego” metido a filósofo e psicólogo de si; ou, ainda, o velho eu, só que mais velho ainda, nostálgico e saudosista; talvez eu seja você, velho eu, em tamanho maior, vivendo do jeito que me ensinaram que alguém, em tamanho maior, “deve” viver; tendo emoções “aceitáveis” e desejos considerados normais só porque todos, em tamanho maior, têm. Ou, talvez, eu seja somente um eu que hoje, ao acordar, já não é o mesmo eu que adormeceu... não sei! Não sei! Quem sabe, a identidade nada mais seja que memória... ou que interpretação de si mesmo, ou ainda, um “eu-personagem”, inteligentemente arquitetado como forma de adaptação ao ambiente... E como agora meus horizontes estão se expandindo, a personalidade talvez esteja precisando de alguns ajustes.

Eu vim de você – de tudo o que você viveu, pensou, viu, ouviu, sentiu, do que escolheu, de como agiu, com quem conviveu e de que forma conviveu –, como também, acredito eu, virão outros de mim, sucessivamente... Quem sabe não haja limite para isso! Mas eu creio que, embora tente a todo custo me compreender e descobrir quem eu sou, somente serei capaz de enxergar minha verdadeira “face” quando a carne não mais estiver entre o Eu e o Espelho.

Com toda a compreensão de que, agora, disponho e necessito.

Eu! Nós! Você!

Jeice Campregher

Dedicatória: Pode parecer narcísico que alguém, com a oportunidade de escrever aos outros, escreva uma carta a si mesmo. Mas, nessa primeira análise, esquecem-se de que a formação de quem se é depende também (talvez, principalmente) da convivência com os outros. Dedico a carta aos maiores formadores do (s) meu (s) eu (s): Minha Família (os Darugna e os Campregher)! A eles, devo quem sou hoje e, por eles, todo dia procuro ser melhor. Aos meus amados amigos – quase irmãos – que sempre tenho em meu coração. E, ainda, a meu professor e amigo, Dr. Osmar de Souza. A todos vocês, meu muito obrigada... por tudo! Como Shakespeare escreveu, “a gratidão é o único tesouro dos humildes”.


Jeice Campregher – nasceu em Blumenau, SC, formada em Letras pela Universidade Regional de Blumenau (FURB), mestranda em Educação, professora, revisora de textos, copidesque e webwriting.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Seção 32 - que música linda!


Descobri muito sem querer, ouvindo Furb FM!
A letra foi me envolvendo, surpreendendo, quando vi, tava pirando por ela!
Show!
Vander Lee, parece muito bom compositor!
Vou pesquisar rs...

***

Seção 32

(Vander Lee)

Nem todo fim tem começo
Nem tudo que é bom tem seu preço
Nem tudo que tenho mereço
Nem tudo que brota é do chão

Nem todo rei tem seu trono
Nem todo cão tem seu dono
Nem tudo que dorme tem sono
Nem toda regra, exceção

Nem tudo que morre é de fome
Nem tudo que mata se come
Nem tudo que é dor me consome
Nem toda poesia, refrão

Nem todo carro tem freio
Nem toda partilha é ao meio
Nem toda festa é rodeio
Nem tudo que roda é pião

Nem toda obra se prima
Nem tudo que é pobre se rima
Nem tudo que é nobre se esgrima
Nem tudo que sobra é lixão

Nem tudo que fito é o que vejo
Nem tudo bonito eu almejo
Nem tudo que excita é desejo
Nem todo desejo é tesão

Nem tudo que ganho é o que valho
Nem tudo que jogo é baralho
Nem tudo que cansa é trabalho
Nem tudo que dança é baião

Nem todo amor é em vão
Nem toda crença, ilusão
Nem todo deus, comunhão
Nem todo pecado, perdão




quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Amélie Poulain (pequenos prazeres)

Quem ainda não notou que a Amélie é um dos meus personagens favoritos? Só quem não me conhece mesmo. Cliquei em uma daquelas matérias - às vezes legais, às vezes inúteis - do yahoo. Era sobre vida prazerosa. E, claro, minha querida Amélie foi citada. Abaixo o trecho e, também, o "texto" completo (com direito a um teste inútil, odeio testes):

"Lembra-se do filme O fabuloso destino de Amélie Poulain? Sua encantadora protagonista é um belíssimo exemplo de quem aproveita os prazeres da melhor maneira possível. Ela inventa mil peripécias para fazer as atividades mais corriqueiras e acaba mergulhando em sensações aparentemente banais, como afundar a mão em sacos de grãos, fazer ricochetes na água do Canal St.Martin e de observar na escuridão do cinema as caras dos outros espectadores. Perda de tempo? Para muitos seria, mas para Amélie é uma grande contemplação. A preparação, a espera, o contar as horas fazem parte da brincadeira da vida e com Amélie é possível perceber o quanto essa espera pode ser criativa e prazerosa".

Adoro a expressão "my cinderella boy" (quando ela acha não um sapato, mas um álbum muito estranho de fotografias e tem somente isso, nada mais que isso, para encontrar o seu "cinderella boy"). Ah, adoro o filme todinho!


Ósculos e amplexos a todos!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Barba, Amigo Secreto e Homofobia


Sugiro, principalmente, acompanharem a parte final do vídeo: sobre homofobia. Corroboro as mesmas ideias dele. Esse raparigo consegue me surpreender. Quando acho que já vi tudo dele, todas as viagens, piadas sem graça, piadas com graça, a Lola engraçadinha, enfim, ele ainda consegue me surpreender. Lá por 5:30, do vídeo.

"eu sou branco, católico e heterosexual, mas eu tenho direito de lutar pelos meus direitos. Mas que direito, afinal de contas? Você tem todos os direitos do mundo se você for branco, católico e heterosexual, você é o cara que faz o direito dos outros".

Adorei isso. Esse menino é um pequeno prodígio - além de ser esquisito (o que eu adooooro kkkk). Parabéns por seu trabalho!

Abraços a todos aí!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Mark Ruffalo e documentário Gasland

Mark Ruffalo é a prova de que homens bonitos também têm cérebro (piadinha). Preocupado com o meio ambiente e com política, ele começou a organizar exibições do documentário "Gasland". Por isso, foi adicionado à lista de ameaças à segurança nacional dos EUA. Engraçado, né?! Trazer informações à população é algo perigoso - e os americanos se acham livres. "Livres", sem saber que as informações são filtradas antes de terem acesso a elas.

Notícia: http://cinema.yahoo.net/noticia/carregar/titulo/mark-ruffalo-vira-amea-a-seguran-a-nacional-nos-estados-unidos/id/28094

Trailer de Gasland: http://www.youtube.com/watch?v=dZe1AeH0Qz8&feature=player_embedded

Abraços a todos!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Veiga-Neto e a avaliação na academia

Confirmadíssimo: Alfredo Veiga-Neto virá para minha defesa de mestrado! Será meu avaliador.
Para marcar a data em que recebi essa ótima (e estimulante) notícia, trago um trecho de um texto dele intitulado "Dicas" (bem, vou tentar seguí-las, utilizando-as "contra" ele mesmo).


Esse texto, entenderá quem já passou ou passa pelas diversas formas de avaliação que a vida acadêmica possibilita (TCCs, Bancas de qualificação de dissertação, de defesa de dissertação, de defesa de tese, de submissão de trabalhos acadêmicos/artigos; entre outras formas de avaliação).

É bem mais confortável quando eu estou no papel de Revisora de Texto (de texto dos outros, claro)...
Difícil é quando meu texto é submetido a avaliações.

O trecho que selecionei do texto do Veiga-Neto é: "Revisores, avaliadores e pareceristas"

Bom proveito:

— “Ao sorrir, um avaliador pode estar satisfeito porque você está se saindo
bem ou porque você está sofrendo”.
Corolário: “Procure sempre avaliar se o sorriso do seu avaliador é sinal de
solidariedade ou de sadismo”.
Escólio: “Assim como são as pessoas, são as criaturas” (Adágio popular;
vazio, mas impressiona”.
— “Quando alguém, que você admira e respeita muito, parece mergulhado
em profundos pensamentos, em geral está pensando no próprio almoço” (Bloch, 1977,
p.85).
— “Sempre haverá erros impossíveis de encontrar”.
— “O diabo mora na tipografia” (Antigo adágio popular).
Corolário: — “Os erros mais importantes sempre passarão sem ser notados
até o livro estar impresso” (Bloch, 1980, p.23).
— “Encontrando um erro, a revisão se justifica e não procura mais” (Bloch,
1977, p.43).
— “O maior erro é enviar um original sem erros, para um revisor que vive
disso” (Bloch, 1980, p.45).
— “Nada é impossível para quem não tem que fazer o trabalho ele mesmo”
(Bloch, 1977, p.87).
— “Não importa quanto você faça; nunca terá feito o bastante” (Bloch,
1977, p.69).
— “Para muitos, o que você não fez é muito mais importante do que tudo
que você fez, independentemente do volume e da qualidade do que você tenha feito”.
— “Nenhuma proposta é julgada pelos outros com a mesma proposição de
quem propôs” (Bloch, 1977, p.25).
Corolário 1: “Se você explica a proposta tão claro que ninguém pode deixar
de entender, alguém deixa” (Bloch, 1977, p.25).
Corolário 2: “ Se você faz uma coisa que tem certeza de ser aprovada por
todos, alguém não aprovará” (Bloch, 1977, p.25).
— “Quem avalia é também avaliado”.
— “Os maiores desentendimentos se dão entre os entendidos” (Fernandes,
1984, p.160).

domingo, 7 de novembro de 2010

Afinal (poema perfeito de Pessoa)

Adoro fazer esses recortes dos poemas do Pessoa.
Pego apenas as partes que fazem sentido para mim...
Os recortes são sinalizados pelo símbolo -> [...]

Poema simplesmente perfeito!
Resumiria ele em uma frase: quanto menos me apegar numa ideia de "eu", numa casta, numa forma, mais livre eu sou para ser tudo, para ser do jeito que bem entender, para me sentir parte dessa existência: dinâmica e mutante.

Afinal, qualquer coisa aparentemente estável é apenas um "acordo de sentidos", como diria Campos no poema abaixo.

Façam bom proveito de mais uma obra de arte desse grande escritor intitulada "Afinal".


***

Afinal


Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.

Sentir tudo de todas as maneiras.

Sentir tudo excessivamente,

Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas

E toda a realidade é um excesso, uma violência,

Uma alucinação extraordinariamente nítida

Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,

O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas

Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.


Quanto mais eu sinta,

Quanto mais eu sinta como várias pessoas,

Quanto mais personalidade eu tiver,

Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,

Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,

Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,

Estiver, sentir, viver, for,

Mais possuirei a existência total do universo,

Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.

Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,

Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,

E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.


Cada alma é uma escada para Deus,

Cada alma é um corredor-Universo para Deus [...]


Sou um monte confuso de forças cheias de infinito

Tendendo em todas as direções para todos os lados do espaço,

A Vida, essa coisa enorme, é que prende tudo e tudo une

E faz com que todas as forças que raivam dentro de mim

Não passem de mim, nem quebrem meu ser, não partam meu corpo [...]


Tudo o que há dentro de mim tende a voltar a ser tudo [...]


Sou uma chama ascendendo, mas ascendo para baixo e para cima,

Ascendo para todos os lados ao mesmo tempo, sou um globo

De chamas explosivas buscando Deus e queimando

A crosta dos meus sentidos, o muro da minha lógica,

A minha inteligência limitadora e gelada [...]


Dentro de mim estão presos e atados ao chao

Todos os movimentos que compõem o universo,

A fúria minuciosa e dos átomos,

A fúria de todas as chamas, a raiva de todos os ventos,

A espuma furiosa de todos os rios, que se precipitam [...]


Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio

De estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma [...]

Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Responsabilidade da/na ação

(...) é no fazer que (o homem) se faz constantemente, e nesta relação entre fazer e fazer-se ele cresce e se “define” como homem. O que implica dizer: como ser da ação (da práxis), da cultura, e do discurso (da teoria, da “meditação”), num dinamismo sem precedentes, numa definição aberta, “problemática”, e não acabada. Aí acontece uma mútua dependência: se por um lado o homem só se faz à medida que faz (ação prática), por outro lado ela só faz (com ação consciente) à medida que se faz. É perigoso entendermos só o primeiro lado desta relação. Determinado concretamente pela ação prática, o homem, é a agente e paciente do processo. Não há como os resultados de sua ação não caírem sobre si mesmo. (texto “o que é teoria”, p. 70, Otaviano Pereira)

Nós nos fazemos em ato (por mim)

Num mundo como o nosso, repleto de fantoches, imagens feitas para agradar ao mercado, frases entre dentes, gestos calculados, segundas intenções, passados intocáveis, relações indiscutíveis, inseguranças inconfessáveis, incertezas reprimidas, amores mal-resolvidos camuflados, desejos abafados, segredos irreveláveis, defeitos disfarçados, conhecidos que não se conhecem, enfim, neste mundo de aparências, o maior tesouro que um homem pode ter e querer é desenvolver, com seus pares, relacionamentos baseados na confiança e verdade. Uma personalidade sincera, verdadeira e forte é algo que se pratica, tanto quanto uma personalidade evasiva, camuflada, dissimulada, hipócrita, medrosa e contingente. Em ato nos desenvolvemos - e tenho medo quando vejo um homem atuar dissimulada ou evasivamente, pois creio que está reforçando, em si, esse jeito de ser. Não penso em atos isolados – vejo homens se construindo na ação. Construímos o que somos em ato: a cada vez que escolhemos agir de uma determinada maneira. O mundo, a vida, os que convivem conosco, a existência fazem perguntas, estimulam-nos à ação, requerem de nós respostas verbais ou práticas, esperando para ver se nós agimos, falamos e mostramos nossos corações.

Jeice Campregher


quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Comédia MTV - Forró do Twitter - Tem que "twitta"

Ontem me estraguei assistindo o Comédia MTV - uma das poucas coisas que me fazem parar na frente da TV. Mais uma paródia! Me acabei rindo (Esse Marcelo Adnet é foda).

Sou fã de bons humoristas - pegam coisas batidas, coisas que todo mundo faz, e tiram sarro!

COMÉDIA MTV - Happy Rock - CtrlAltDel

Adoro essas paródias feitas pelo Comédia MTV! Ficam ótimas!

sábado, 23 de outubro de 2010

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Debate Weslian Roriz Legendado

Minha nossa, que droga que ela usou?

Acreditem: ela foi para 2º turno, cargo de governador (a) de Brasília. O marido indicou ela, pois desistiu de concorrer ao cargo - por conta do "ficha limpa".

Quem votou nela? Debates não servem para nada?


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Desafinando na roda de capoeira

Desafinando na roda: estava nervosa.
Primeira vez que canto em roda.
Muito forte: todos parados olhando para você...
Esperando o refrão para jogar!
Sem palavras - cantar ou jogar. Capoeira é indescritível.

Quem quiser, procure no youtube: "eu já vivo enjoado", na voz de Carolina Soares.
Aí sim, aí sim... outra coisa.
Um dia fico boa nisso... um dia chego lá, Carolina. Aguarde-me!

***

Letra meste pastinha

Eu já vivo enjoado,
de viver aqui na terra,
óh mamãe eu vou pra lua,
falei com minha mulher,
ela então me respondeu,
nós vamos se Deus quiser,
vamos fazer um ranchinho,
todo feito de sapé,
amanhã ás 7:00 horas,
nós vamos tomar café,
ê eu que nunca acreditei,
não posso me conformar,
que a lua venha a terra,
que a terra venha a luar,
tudo isso é conversa,
pra comer sem trabalhar,
ó senhor amigo meu,
escute o meu cantar,
quem é dono não se enciuma,
quem não é quer enciumar,
(háhá) é hora é hora
corô(iê é hora é hora)
iê vamos embora
coro(iê vamos embora camará)
pela barra fora
coro(iê pela barra fora camará)
iê viva meu Deus
coro(iê viva meu Deus camará)
iê viva meu Mestre
coro(iê viva meu Mestre camará)....


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Só é o que se vê (entrevista - Sibilia)

Finalmente encontro algo que se aproxima da visão que tenho dos sites de relacionamento - entre eles o blog e o orkut, dos quais faço uso (twitter acho o ápice - não uso). Conheci-a no simpósio internacional O (des) governo biopolítico da vida humana. Abaixo, a entrevista no site do Instituto Humanitas Unisinos.

Boa leitura/reflexão. Vale a pena, afinal, estamos todos, o tempo todo, sendo convidados a ingressar em novas mídias. E uma vez ingressos, somos constantemente convidados a nos "revelar/produzir/fazer do eu um show" (quanto mais tempo conectados, menos tempo vivendo; quanto mais presos ao "eu/imagem", menos somos livres para livre agir e livre SER).

Abraço

***

Para a pesquisadora Paula Sibilia, a popularidade de redes sociais como Facebook, MySpace, Orkut e Twitter se justifica pelo desejo das pessoas de estarem à vista dos outros

Por: Patricia Fachin

Redes sociais como Facebook, Twitter e MySpace são, na opinião da professora do Departamento de Estudos Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Paula Sibilia, “compatíveis com as habilidades que o mundo contemporâneo solicita de todos nós com crescente insistência”. Segundo ela, essas ferramentas servem para dois propósitos fundamentais. “Em primeiro lugar, elas ajudam a construir o próprio ‘eu’, ou seja, servem para que cada usuário se autoconstrua na visibilidade das telas. Além disso, são instrumentos úteis para que cada um possa se relacionar com os outros, usando os mesmos recursos audiovisuais e interativos”, explica.

Em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, Paula Sibilia reflete sobre as mudanças de comportamento da sociedade contemporânea e afirma que “mudaram as premissas a partir das quais edificamos o eu”. Na atual sociedade do espetáculo, continua, “se quisermos ‘ser alguém’, temos que exibir permanentemente aquilo que supostamente somos”. E dispara: “Esses são os valores que têm se desenvolvido intensamente nos últimos tempos, uma época na qual, por diversos motivos, se enfraqueceram as nossas crenças em tudo aquilo que não se vê, em tudo aquilo que permanece oculto.”

Paula Sibilia é graduada em Ciências da Comunicação, pela Universidade de Buenos Aires (UBA), mestre na mesma área, pela Universidade Federal Fluminense (UFF), e doutora em Saúde Coletiva, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente, é professora no Departamento de Estudos Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Entre suas obras, citamos O homem pós-orgânico: corpo, subjetividade e tecnologias digitais (Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002) e O show do eu (Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008). Em 2008, ela participou do Simpósio Internacional Uma sociedade pós-humana? possibilidades e limites das nanotecnologias, realizado pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – O que redes sociais como Facebook, Orkut, Twitter e Myspace revelam sobre a sociedade contemporânea?

Paula Sibilia - Estas novas ferramentas, que apareceram nos últimos anos e de repente se tornaram tão populares, servem para dois propósitos fundamentais. Em primeiro lugar, elas ajudam a construir o próprio “eu”, ou seja, servem para que cada usuário se autoconstrua na visibilidade das telas. Além disso, são instrumentos úteis para que cada um possa se relacionar com os outros, usando os mesmos recursos audiovisuais e interativos.

Por isso, tanto as redes sociais como Orkut, Facebook, Twitter ou MySpace como os blogs, fotologs, YouTube e outros canais desse tipo que hoje proliferam na internet são perfeitamente compatíveis com as habilidades que o mundo contemporâneo solicita de todos nós com crescente insistência. E uma dessas capacidades que tanto se estimula que desenvolvamos é, precisamente, a de “espetacularizar” a nossa personalidade. O que significa isso? Tornarmos-nos visíveis, fazer do próprio “eu” um show.

Este fenômeno responde a uma série de transformações que têm ocorrido nas últimas décadas, que envolvem um conjunto extremamente complexo de fatores econômicos, políticos e socioculturais, e que converteram o mundo em um cenário onde todos devemos nos mostrar. Se quisermos “ser alguém”, precisamos exibir permanentemente aquilo que supostamente somos. Nos últimos anos, portanto, têm cristalizado uma série de transformações profundas nas crenças e valores em que nossos modos de vida se baseiam, e a “espetacularização do eu” faz parte dessa trama.

IHU On-Line – Que novos modelos de relações se configuram através das redes sociais? A senhora acredita que as relações ganham um novo sentido?

Paula Sibilia - Uma das manifestações dessa mutação que tem ocorrido na sociedade contemporânea é a derrubada das fronteiras que costumavam separar o âmbito privado e o espaço público, e que constituíam um ingrediente fundamental do modo de vida moderno. Então, junto com essas mudanças que se consumaram nos últimos anos, também se reconfigurou a maneira com que nos construímos como sujeitos.

Mudaram as premissas a partir das quais edificamos o eu, e isso aconteceu porque também se transformaram as nossas ambições e os nossos horizontes. Portanto, não se modificaram apenas as formas de nos relacionarmos conosco, com o próprio “eu”, mas também as relações com os outros. E ferramentas como o Facebook ou o Orkut caíram como luvas nesse novo universo: são extremamente úteis para consumar essas novas metas.

Porque na atual “sociedade do espetáculo” só é o que se vê. Portanto, se algo (ou alguém) não se expõe nas telas globais, se não está à vista de todos — sob os flashes dos paparazzis ou, pelo menos, sob a lente de uma modesta webcam caseira —, então nada garante que realmente exista. Esses são os valores que têm se desenvolvido intensamente nos últimos tempos, uma época na qual, por diversos motivos, se enfraqueceram as nossas crenças em tudo aquilo que não se vê, em tudo aquilo que permanece oculto. “A beleza interior” seria um exemplo. Enquanto isso, de forma paralela e complementar, exacerbaram-se as nossas crenças no valor das imagens, na importância da visibilidade e da celebridade como fins em si mesmos, como metas autojustificáveis, às quais supõe-se que todos deveríamos aspirar.

IHU On-Line – A partir dessas redes sociais, como a senhora descreve o nosso atual modelo de vida?

Paula Sibilia - Há uma necessidade de se mostrar constantemente, que se exacerba por toda parte, embora não tenhamos nada muito importante para mostrar ou para dizer. Os canais interativos da Web 2.0 permitem fazer isso à vontade, facilmente e com baixos custos, de um modo ainda mais eficaz do que os meios de comunicação tradicionais. Porque essas novas ferramentas “democratizam” o acesso à fama e à visibilidade.

Mas o Orkut e o Facebook não surgiram do nada. Ao contrário, as redes sociais apareceram num terreno que já estava muito bem sedimentado para que essas práticas pudessem florescer. Nos últimos anos, temos aprendido a estar conectados o tempo todo. Utilizando as mais diversas ferramentas tecnológicas (celulares, e-mail, GPS etc.), aprendemos a estar sempre disponíveis e potencialmente em contato. Acredito que tudo isso esteja dando conta de um forte desejo de estar à vista dos outros, de sermos observados, mesmo que seja apenas para confirmar que estamos vivos. Para constatarmos que somos “alguém”, que existimos. Sem dúvida, entre várias outras coisas, há muita solidão e vazio por trás de tudo isto.

IHU On-Line – O conceito de intimidade conhecido até então é alterado a partir de programas como Facebook, Twitter, Orkut?

Paula Sibilia - Neste momento, quando tantas imagens e relatos supostamente “íntimos” estão publicamente disponíveis, é evidente que a intimidade tem deixado de ser o que era. Nos velhos tempos modernos, aqueles que brilharam ao longo do século XIX e durante boa parte do XX, cada um devia resguardar sua própria privacidade de qualquer intromissão alheia. Isso não se conseguia somente graças às grossas paredes e às portas fechadas do lar, mas também mediante todos os rigores e pudores da antiga moral burguesa.

Agora, porém, a intimidade tem se convertido em um cenário no qual todos devemos montar o espetáculo daquilo que somos. E esse show do eu precisa ser visível, porque se esses pequenos espetáculos intimistas se mantivessem dentro dos limites da velha privacidade — aquela que era oculta e secreta por definição — ninguém poderia vê-los e, então, correriam o risco de não existirem.

É por isso que hoje se torna tão imperiosa essa necessidade de fazer público algo que, não muito tempo atrás e por definição, supunha-se que devia permanecer protegido no silêncio do privado. Porque mudaram os modos de se construir o “eu” e mudaram também os alicerces sobre os quais se sustenta esse complexo edifício.

Por isso, se as práticas que eram habituais naqueles tempos (como o diário íntimo e a correspondência epistolar) procuravam mergulhar no mais obscuro de si mesmo para ter acesso às próprias verdades, nestes costumes novos a meta é outra e bem diferente. No Orkut ou no Facebook, é evidente que o que se persegue é a visibilidade e, em certo sentido, também a celebridade. Ambas como fins autojustificados e como metas finais, não como um meio para conseguir alguma outra coisa e nem como uma consequência de algo maior.

IHU On-Line – Que futuro a senhora vislumbra a partir dessas redes sociais na internet? A sociedade tende a mudar ainda mais seus hábitos e comportamentos?

Paula Sibilia - Sobre o futuro, feliz ou infelizmente, é pouco o que posso dizer. Mas acredito que já seja possível fazer algumas avaliações sobre as implicações destas novidades. Por um lado, estamos perdendo a possibilidade de nos refugiarmos em toda aquela bagagem da própria interioridade, que oferecia uma espécie de âncora ou um porto seguro para cada sujeito, que acolchoava seu “eu” contra as inclemências do mundo exterior e contra o inferno representado pelos outros.

Por outro lado, também é claro que ganhamos algumas coisas: uma libertação daquela prisão “interior”, ao se esfacelar essa condenação a ser “você mesmo”, aquela obrigação de permanecer fiel à interioridade oculta, densa e muitas vezes terrível que amordaçava os sujeitos modernos.

Outro problema que surge com estas novidades, no entanto, é que os tentáculos do mercado se desenvolveram de um modo que teria sido impensável algumas décadas atrás, e que hoje chegam a tocar todos os âmbitos. Agora, nos inícios do século XXI, tanto as personalidades como os corpos podem se converter em mercadorias que se compram, se alugam, se vendem e depois se jogam no lixo.

Numa sociedade tão espetacularizada como a nossa, a imagem que projeta o “eu” é o capital mais valioso que cada sujeito possui. Mas é preciso ter a habilidade necessária para administrar esse tesouro, como se fosse uma marca capaz de se destacar no competitivo mercado atual das aparências. Hoje, o espírito empresarial contamina todas as instituições e se impregna em todos os âmbitos, inclusive nos mais “íntimos” e recônditos, e o mercado oferece soluções para qualquer necessidade ou desejo. Além disso, sempre será possível (e inclusive desejável) mudar de “perfil”, atualizando as informações pessoais ou alterando suas definições para melhorar a cotação do que se é. Seja no mesmo Orkut ou Facebook, ou então migrando para um novo sistema apresentado como bem melhor do que o anterior, mais atual e dinâmico, daqueles cujo surgimento e cujo sucesso potencial não cessam de ser anunciados.


Site: http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2497&secao=290

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Salão de Beleza - Zeca Baleiro

De volta a Blumenau: de volta ao blog. Congresso foi per-fei-to! E Porto Alegre estava "um amor".

Novamente mudando o clima daqui, venho eu com Zeca Baleiro. Artista sem igual (fez Letras, não é de admirar que seja tão bom - :p). A música dele tem letras muito boas, poéticas, com o uso de figuras de linguagem - letras que tem de ser analisadas, que requerem atenção para perceber a sutil arte de falar pouco dizendo muito. E a música dele também tem bom/bons ritmo (s): valoriza batidas dançantes do norte de nosso país. Vale a pena estudar um pouco esse músico/poeta.

Abaixo, a valorização da beleza - diferente daquela beleza vendida em comerciais (achei demais o Zeca dando uma de Marilyn Monroe - que figura! Adoro figuras esquisitas/estranhas - já disse isso?).

Bom proveito!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Simpósio Internacional (uhuuuuuul)

Um sonho realizado: participar de um congresso/simpósio que Foucault seja o tema principal. Gente, que tudoooooooooooooooooooooooooo. Bem, ainda não é um sonho realizado, masssss... vai ser na semana que vem, em São Leopoldo, do ladinho de Porto Alegre (onde meu amor está fazendo mestrado em Design). Bah, que casal estudioso esse, hein!?

O (des) governo biopolítico da vida humana. Que nome líndo. Poético. Bah, tudo com Foucault fica lindo.

http://www.unisinos.br/eventos/des_governobiopolitico/

Abraços a todos!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O poder do Discurso: produzir a diferença.

Finalmente consigo atualizar o blog pessoafucoteando com algo escrito por mim. Espero que alguém se interesse. Começo perguntando: Já assistiram Terráqueos? Já assistiram A Carne é fraca? Já assistiram Racismo: a história (produzido pela BBC)? O que eles tem em comum?

Quanto aos dois primeiros, é possível fazer aproximações mais facilmente. Terráqueos, ao meu ver, mostra como todos nós, todos os seres que habitam este planeta são/somos terráqueos. Mostra, ainda, como nós humanos estamos acostumados a associar “terráqueos” somente com nossa existência – a forma de vida chamada humana. O documentário mostra que isso é um engano. E vai além. Mostra como nós terráqueos humanos fazemos uso de outros terráqueos, sem pena, sem ética, sem limites, sem hesitações – como se todos os outros terráqueos fossem coisa e propriedade do superterráqueo, o homem. Esses usos são mostrados a sangue frio, sem discursinhos suavizadores – afinal, todos temos justificativas para continuar a comer carne, a continuar a vestir couro, a continuar com práticas como tourada e rodeio. Enfim, sempre há discursos para continuarmos em nossa zona de conforto, enunciados aos montes para justificarmos nossos prazeres. Em resumo, o documentário Terráqueos põe em xeque a supremacia do homem e promove um tremendo susto em quem nunca havia pensado nos outros seres vivos como outros terráqueos – com direito à vida, como nós humanos temos. Quem se nega a assistir, a meu ver, se nega a pensar sobre o lugar onde vive, sobre sua própria existência e sobre seu lugar em relação ao Todo. Quem foge, quem nega a si a chance de se abrir para outras perspectivas, a meu ver, deveria pedir: pare o mundo porque eu quero descer. Quem está aqui tem o compromisso ético com o planeta e com a existência.

O documentário A carne é fraca vai mais para o lado da alimentação, do vegetarianismo, de apresentar razões para não comermos carne (opa, deixa eu trocar essa palavra “carne”, que dissimula, suaviza a real que é “comer outros terráqueos, comer outros seres, comer seres que não fazem mal algum ao ser humano ou, pelo contrário, fazem muito bem, como as vaquinhas que dão leite a vida toda e, no final da vida, são comidas” – o ser humano é muito ético mesmo, sabe ser grato). Enfim, os dois documentários citados se ligam mais facilmente: falam dos animais e da posição de supremacia que o humano assumiu ao longo da história.

Agora o terceiro é um pouco mais difícil fazer a ligação automaticamente. Vou ver se consigo expor a ligação que vejo. Como parte da comemoração do bicentenário da Lei de Abolição ao Tráfico de Escravos (1807), a BBC, dentro da chamada "Abolition Season", exibiu uma série composta por três episódios, independentes entre si, abordando a história e os aspectos do racismo pelo mundo. São eles: "A Cor do Dinheiro", "Impactos Fatais" e "Um Legado Selvagem". O episódio que vi foi “Impactos Fatais”, que fala de como o homem foi/é o lobo do homem. Mostrou como na história da humanidade podemos observar humanos construindo discursos sobre si, colocando-se como superiores e, ainda, construindo o outro, o diferente, o menos “belo”, o estranho, o de cor diferente, enfim, como inferior, como objeto de saber – um objeto que nós (brancos, puros, inteligentes) podemos conhecer, podemos, sobre eles, emitir juízo de valor. Sempre que a ciência se debruça sobre um objeto do saber, sinto dizer aos iludidos: ela não o descobre, ela o constrói. Quando os homens se puseram a falar, a definir, a qualificar/desqualificar, a emitir um discurso com status de verdade acerca de outros humanos, estes foram colocados à disposição daqueles. Já ouviram falar em Darwinistas Sociais? Utilizaram a teoria da evolução de Darwin para afirmar que: quando uma raça perde para outra (ou um grupo com certas características perde para outro, com outras), isso é algo natural, é porque existe a lei do mais forte. E, com isso, ninguém mexia nada para preservar as raças, os grupos que foram exterminados em nossa história. Por conta dos Darwinistas Sociais e, também, dos eugenistas (quando descobri, neste documentário, de Bernard Shaw era um eugenista, fiquei profundamente decepcionada) muitos massacres foram legitimados. Os eugenistas procuravam mecanismos para branquear as populações, acreditavam que, quanto mais branco, mais pura a raça seria – lembram de Hitler? Lembram da política de branqueamento que trouxe italianos e alemães para o Brasil? A ideia de fundo era a mesma.

Tá, mas, o que esse último documentário tem a ver com o primeiro? Talvez o leitor já tenha feito a associação. Os vegetarianos certamente já o fizeram. O mesmo poder que o discurso tem de diferenciar os humanos, de fazer com que uns sejam mais, melhores, mais puros que outros, enfim, esse mesmo poder que o discurso tem, também pode ser observado quando nós humanos produzimos discursividades acerca dos animais. Lembrando que não os conhecemos, jamais conhecemos um objeto do discurso, nós o construímos – assim como construímos o que os negros foram/são, assim como construímos o que o louco é, assim como produzimos discursos sobre a sexualidade, assim como produzimos discursos sobre alunos/jovens/crianças/adolescentes, enfim, da mesma forma produzimos discursos sobre os animais. Se construímos discursividades com relação a quem podia falar (negros, escravos, gays, pobres, população de países sub-desenvolvidos, índios, mulheres, homens...), imaginemos a facilidade de construir discursividades acerca de quem não pode falar (animais). Toda uma discursividade a serviço de empresas que lucram incrivelmente com esse mercado carnívoro, com emissoras que lucram com a propaganda, com a moda que lucra com o couro – acha que vai ver o discurso vegetariano em qualquer lugar? Acha que tal discurso tem meios para infiltrar em todos os lugares? Não, para esse discurso sobram lugares alternativos: sites, blogs – vindo de gente que não vai perder nada com isso.

Tenho pavor de Darwin, acho que foi o primeiro a começar com essa ideia de evolução – só a palavra “evolução” já presta um desserviço: traz a ideia de que o último a ser formado nessa cadeia evolutiva, ou seja, o humano, é o melhor, é o mais evoluído, é o que se aproxima mais da perfeição; logo, se somos o topo, todos os outros terráqueos ficaram no meio do caminho. Já notaram que colocamos o macaco como uma das espécies mais inteligentes? Será que isso não se deve ao “fato” de ela vir logo antes da gente na tal cadeia? (outra forma de nós nos auto-elogiarmos). Ai, minha nossa, por isso adoro a frase de Pessoa: “pobre vaidade de carne e osso chamada homem”. Muito do que criamos é para alimentar nosso ego.

Voltando ao assunto, depois de Darwin, o segundo que tenho mais pavor é Descartes, com o “penso logo existo”. Estava aí instaurado o império do pensar: a ideia de que o pensar é o que nós distingue das outras espécies, só o homem pensa – e oh, como é superior ter a capacidade superiora de pensar de forma superior (todas as hipérboles e pleonasmos não são o bastante para descrever o quanto nos achamos superiores por pensar, oh, pensar! Que lindo pensar!). Tenho horror a essa supremacia de achar que pensamos. Quem disse que os animais não pensam? Qual a metodologia utilizada para chegar a essa conclusão? Eles pensam sobre outras coisas, oras! Pensam em comida, pensam em sobrevivência. Não pensam em formas de ostentação, formas de conseguir o que não se precisa, formas de como ter mais e mais e mais.

Nós pensamos na preservação de “me, myself and I”, ou da família, ou dos mais semelhantes (do nosso grupinho). Mas não pensamos no planeta enquanto morada e que, sem ela, estamos lascados. Não pensar nisso é não pensar, sorry.

Mas, não comer carne ajuda tanto assim? Sério? Ajuda realmente à preservação do planeta? Respondo: pesquise, veja os dois documentários citados. Veja outros. Esses dias via um documentário sobre a água que, nas considerações finais, falava algo como: carnívoros insaciáveis são grandes responsáveis pela aceleração no efeito estufa (pelos puns que os bovinos soltam). Nem esperava ver nada sobre consumo de carne naquele documentário, mas apareceu. É só estar atento e unir os pontos.

Não comer carne é o menor “sacrifício” que você poderia fazer. Se não consegue abrir mão de um prazer que sua língua dá a você, filho(a), então, acho que você não é capaz de fazer nada – esse é o menor dos esforços necessários, tenha certeza. Se não conseguir algo assim, então, o dia que a humanidade tiver que abrir mão de sistema de esgoto (jogar dejetos em água doce – que deveria ser só para beber), abrir mão de toda ou quase toda energia elétrica, abrir mão de consumo descabido de roupas; se esse dia chegar, acho que vai haver um suicídio em massa, pois ninguém vai conseguir abrir mão desses prazeres.

Para não estender muito. Só quis mostrar documentários que apresentam o poder que o discurso promove (efeito de poder, diria Foucault). De humanos com relação a outros, de humanos com relação a outras espécies, enfim, um sujeito que sabe/conhece e outro é que conhecido/objeto.

Também estou produzindo ou reforçando discursividades – não que meu texto seja livre disso, seja neutro, não tenha ideais. Ele também esta a serviço de algo. Mas me alegra saber que não está a serviço de lucro e ostentação. Penso ou desejo que ele esteja a serviço de uma existência mais ética, de mais respeito a tudo o que é vivo – em nome também da preservação de nós mesmos. Quanto a isso, temos muito o que aprender com os orientais, com o budismo, com o hinduísmo, enfim, com discursividades que saem, que pulam fora da ideia de humanos como seres superiores, mais inteligentes, mais evoluídos. Penso que seja a hora de aprendermos com discursividades que buscam uma comunhão do homem com a breve experiência que se chama vida e com tudo o que vive. Nenhuma vida vale mais que outra. Afinal, como diria Fernando Pessoa: “Toda a energia é a mesma e toda a natureza é o mesmo... A seiva da seiva das árvores é a mesma energia [...] A mesma seiva vos enche, a mesma seiva vos torna, A mesma coisa sois, e o resto é por fora e falso [...]”.

Jeice Campregher

P.S.: Sugiro que comecem pelo filme A carne é fraca. Porque Terráqueos, tirando a parte um no youtube, que é belíssima, é o pior filme de terror que eu já vi. Filmes de terror Chinês ou de hollywood para quê? Todos os dias o homem promove, em seus abatedouros, as piores cenas de terror! Vai se negar a ver? Vai se negar a ver o que sua alimentação ajuda a promover? Conscientize-se! Fechar os olhos não ajuda em nada. Seu consumo estimula a produção/morte/dor. Todo comércio é movido por demanda.

* TERRÁQUEOS * - Parte - 1 de 9.

A Carne é Fraca - parte 1/6

Racismo 2/3 - Impactos Fatais 1/6

sábado, 28 de agosto de 2010

Passagem das Horas (de Pessoa)

Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
[...] E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
[...] Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei...
Vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos...
Experimentei mais sensações do que todas as sensações que senti,
[...] Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei
[...] Seja o que for, era melhor não ter nascido,
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
[...] Vi todas as coisas, e maravilhei-me de tudo,
[...] Vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos,
E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse.
Amei e odiei como toda gente,
Mas para toda a gente isso foi normal e instintivo,
E para mim foi sempre a exceção, o choque, a válvula, o espasmo.
[...] Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
[...] Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,
Seja uma flor ou uma idéia abstrata,
Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus.
E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo.

[...] Multipliquei-me, para me sentir,
Para me sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despi-me, entreguei-me,

[...] Passa tudo, todas as coisas num desfile por mim dentro,
[...] Meu coração banco de jardim público, hospedaria,
[...] Ó fome abstrata das coisas, cio impotente dos momentos,
Orgia intelectual de sentir a vida!

[...] Sentir tudo de todas as maneiras,
Ter todas as opiniões,
Ser sincero contradizendo-se a cada minuto,
Desagradar a si próprio pela plena liberalidade de espírito,
E amar as coisas como Deus.

Eu, enfim, que sou um diálogo continuo,
[...] Eu, enfim, literalmente eu,
E eu metaforicamente também,
Eu, o poeta sensacionista, enviado do Acaso
[...] Sem personalidade com valor declarado,
Eu, o investigador solene das coisas fúteis,
Que era capaz de ir viver na Sibéria só por embirrar com isso,
E que acho que não faz mal não ligar importância à pátria
Porque não tenho raiz, como uma árvore, e portanto não tenho raiz
Eu, que tantas vezes me sinto tão real como uma metáfora,

[...] Eu, o que eles não sabem de si próprios,
[...] Eu, tudo isto, e além disto o resto do mundo...
[...] Eu... A impossibilidade de exprimir todos os sentimentos,
[...] Fui educado pela Imaginação,
Viajei pela mão dela sempre,
[...] Toda a energia é a mesma e toda a natureza é o mesmo...
A seiva da seiva das árvores é a mesma energia
[...] A mesma seiva vos enche, a mesma seiva vos torna,
A mesma coisa sois, e o resto é por fora e falso [...]

(Fernando Pessoa -> Álvaro de Campos)
(versão resumida por mim)

Fique consciente da sua solitude

Fique consciente da sua solitude

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Um pouco de Osho

Fico só falando em Pessoa e em Foucault, mas o primeiro cara que eu li foi Osho, na adolescência. Foi muito importante para mim. Os orientais são incríveis - principalmente os indianos. Osho é indiano. 99% da população é vegetariana - isso já diz muito, sem dúvida!!!


O livro dele, "Vida, amor e riso", foi um dos melhores que já li.


Abaixo, um texto retirado de: http://www.oshobrasil.com.br/

em "Textos".


Boa leitura!


***


Nos anos 70, Osho recebia, em encontros mais íntimos, denominados Darshans, grupos de buscadores num pequeno auditório, no Lao Tzu House, em Puna. Nesses Darshans, Osho respondia perguntas e dava toques sobre questões do dia-a-dia.

Os comentários do Osho, abaixo, foram extraídos de um mesmo Diário de Darshans. São trechos de Darshans ocorridos em dias diferentes. Nesses dois trechos, Osho nos fala a respeito de relacionamentos amorosos, de apegos, de ciúmes, etc.

Pratima é uma pessoa muito querida. Ela ajuda nos trabalhos dos Darshans diários.

Ela tem uma história longa e cheia de altos e baixos em sua vida amorosa.

OSHO: Alo, Pratima! Venha cá. Conte-me a sua história.

PRATIMA: Eu acho que cheguei a um ponto em que parei de ficar sempre voltada para o lado de fora e comecei a fazer alguma coisa realmente para mim. Parei de ficar tentando mudar todo o mundo exterior só para me manter confortável. Eu sinto que chegou o momento em que eu devo ir para dentro de mim e me sentir confortável comigo e não mais tentar fazer com que as outras pessoas...

OSHO: Isso é um grande insight! Mm?

PRATIMA: ...me façam feliz ou ...

OSHO: Isso é um grande insight!

PRATIMA (em lágrimas): Não há luz dentro de mim!

Mm, mm! Osho murmura e pede a Pratima que levante seus braços e mãos e deixe que a energia flua. Ela chacoalha todo o corpo. Seus dentes começam a bater vigorosamente....

OSHO: Você chegou a um grande insight. Agora, mantenha isso. Não se esqueça disso no momento em que você sair do Lao Tzu House, mm?

PRATIMA: Se eu simplesmente seguir a mim mesma e ficar de pé e levantar as mãos para o ar, então tudo fica bem e isso é alguma coisa...

OSHO: Mm, mm.

PRATIMA: Eu só fico pensando se existe alguma coisa que eu possa fazer para ajudar...

OSHO: Só uma coisa: não se esqueça desse insight. Simplesmente lembre-se, e pronto. Isso é um fenômeno muito simples desde que você possa se lembrar de que na vida, nenhuma outra pessoa pode fazer você feliz ou confortável ou qualquer coisa - isso não é possível. Esse presente só pode ser dado por você a si mesma, ninguém mais pode dar isso a você. E porque as pessoas seguem mendigando esse presente dos outros, elas sofrem, sofrem...

E os outros não estão na verdade lhe fazendo mal algum. Eles não podem lhe dar e você não pode receber. Essa não é a maneira como se consegue esse presente. Você segue mendigando e eles seguem fingindo que eles irão lhe dar. Eles não podem dar e você não pode ganhar. Daí, surge a frustração, a raiva, a violência, a loucura, essas coisas...Então você começa a mendigar de novo em outro lugar, de alguma outra pessoa, mas você estará fazendo a mesma coisa de novo.

Novamente a mesma coisa vai se repetir. É a mesma história montada em diferentes estágios com pessoas diferentes...mas é a mesma história, nem uma vírgula é diferente. De novo você terá a mesma ilusão, que esse homem, Siddesh (que mora com Pratima) não deu certo, mas agora o Yatri (que trabalha com a Pratima) dará a você a felicidade, agora o homem certo apareceu.

Se você quiser ter um aprendizado nessa ilusão, pode fazer da Divya a sua mestra. Toda semana ela encontra um homem e me escreve uma carta: ' Osho, desta vez eu encontrei o homem de verdade! (risos) Incrível! Isso nunca aconteceu antes e agora está acontecendo'.

Ela se esquece de que ela me escreve toda semana e toda semana é um homem diferente. De novo, dentro de três, quatro dias, ele se vai e então ela se esquece daquele homem, daquele incrível homem. De novo isso acontecerá e nunca aconteceu igual antes, e desta vez ela vai querer permanecer com esse homem para sempre, para sempre... e ela se esquece. O milagre é ela se esquecer de que essa é a mesma carta que ela escreve uma vez, duas vezes, toda semana. Você pode pedir a ela, se você quiser criar essa ilusão. Então, ela será a mestra, Divya.

Pratima entre um soluço e um riso, balança a cabeça e diz, 'não, eu não quero isso'.

OSHO: Então abandone isso e simplesmente lembre-se: não peça a felicidade a ninguém. Ninguém pode dá-la a você. Somente você é capaz de dar esse presente a si mesma. É um presente seu.

Assim, dê esse presente a si mesma e seja feliz! Eu não estou lhe dizendo para não se relacionar com as pessoas, mas quando você está feliz, você se relaciona numa dimensão totalmente diferente, você se relaciona com felicidade. Agora você está se relacionando com infelicidade, você se relaciona como um mendigo. Comece a se relacionar como um imperador ou uma imperatriz, você não estará buscando nada em outra pessoa, você estará compartilhando.

Quando o amor não é uma busca, não é uma necessidade, mas um compartilhar, ele tem uma tremenda beleza. Aí, ninguém estará preocupado se ele vai ou não durar para sempre. Se ele acontecer apenas por este momento, já será ótimo, a pessoa compartilha. Se amanhã você se encontrar de novo com esse homem e ele estiver pronto para se encontrar com você, você compartilha novamente, caso contrário, dê um tchau. Agradeça a ele porque houve um momento em que você compartilhou e foi um momento feliz e você não quer fazer disso uma coisa permanente.

A idéia de fazer alguma coisa permanente surge apenas porque você está movida pela necessidade. Você está com medo, esse homem deu felicidade a você e amanhã, se ele disser não, você ficará de novo infeliz. Assim, você procura dar um jeito para que amanhã ele não possa escapar. Tranque a porta! Mas uma vez que a porta esteja trancada, aquela energia não estará mais presente, nem mesmo neste exato momento, porque o amor acontece apenas em liberdade.

Uma vez que a porta esteja trancada, uma vez que o homem comece a sentir que ele foi pego, uma vez que a mulher começar a sentir que ela foi pega, está tudo acabado. Pode levar anos para que eles reconheçam o fato, mas tudo já se acabou agora. Se você for muito estúpida, levará muitos anos para você reconhecer; se você for inteligente, uns poucos meses; se você for muito, muito inteligente, uns poucos dias. Se você estiver alerta neste exato momento, você será capaz de ver que você matou a relação. A criança não está mais viva, ela agora é um cadáver, porque você tentou possuí-la.

E por que a pessoa quer possuir? Porque você pensa: 'Esse homem me supriu com felicidade hoje. Quem vai me suprir amanhã?' No momento em que você reconhecer que esse homem não fez coisa alguma, você terá dado um presente a si mesma. Algumas vezes você pode dar a felicidade a si mesma, estando junto com alguém, outras vezes você pode dá-la quando estiver só. Mas ninguém está dando algo para você. É somente você dando algo para si mesma.

Algumas vezes nós damos indiretamente: nós damos o presente para a pessoa e então ela dá de volta para você. Ele dá um presente para você, mas que, na verdade, é para ele mesmo, e você devolve para ele. É através do outro, mas ele é o seu presente que você deu a si mesma.

Uma vez que isso seja entendido, você não precisa percorrer estradas longínquas, siga um roteiro curto. Você pode simplesmente dar o presente de uma mão para a outra e você estará tão feliz como se fosse dado por uma outra pessoa. Sozinha, você será feliz.

Então, basta lembrar-se desse insight e nada mais precisa ser feito. Na próxima vez, quando você começar a criar ilusões de novo, lembre-se da Divya... e relaxe! Eu não estou lhe dizendo para se tornar uma freira, eu não estou dizendo isso. Eu estou lhe dizendo para se tornar um indivíduo, não uma freira. Torne-se um indivíduo. Ame por alegria, não por necessidade. Ame não como um mendigo, ame porque você tem muito e você gostaria de compartilhar com alguém. Não tente prender ninguém e não tente se apegar, senão isso acontecerá de novo e de novo. Então você terá muitos amores em sua vida e muitos namorados.

Algumas vezes, uma tal pessoa individual, uma tal pessoa livre, que é capaz de dar felicidade a si mesma, tal pessoa pode amar uma mesma pessoa por muitos anos, mas cada vez é um novo encontro amoroso, porque ela não conecta isso ao tempo, ela não pensa no amanhã. O hoje se encerra hoje. Uma tal pessoa vai para a cama e põe um fim nesse mundo, esse mundo do hoje. Amanhã pela manhã ela se levantará novamente em um outro mundo. Ainda que a pessoa seja a mesma, para um tal indivíduo ela não será a mesma. Assim, talvez a pessoa seja a mesma, ou talvez não seja, isso não fará qualquer diferença: o homem que é feliz seguirá amando, a mulher que é feliz seguirá amando.

E nada peça em nome do amor. É bom que a pessoa ame... Amando, a pessoa é feliz. Agradeça ao outro por ele ter aceito o seu amor, agradeça ao outro por ele ter dançado com você por um momento, cantado com você por um momento e ponto final. Não precisa prolongar isso. Não é preciso dizer: 'E o amanhã? E o depois de amanhã?'

Não traga o futuro, permaneça livre. Deixe que o amanhã traga os seus próprios brinquedos. Por que fazer do amanhã uma repetição do dia de hoje? Quem sabe? Melhores brinquedos estarão esperando por você amanhã.

Esteja excitada com o futuro, mas sem qualquer expectativa... sem qualquer esperança, sem qualquer cobrança, simplesmente uma excitação. O novo irá acontecer, o novo está pronto para acontecer.

Muito bem... O insight é bom, mas meu receio é: você será capaz de mantê-lo? Esse é o problema. Tente mantê-lo. Sempre que você começar a escorregar, você pode simplesmente pedir por um Darshan silencioso, mm? E sentar-se aqui. No momento em que você me vir, você se lembrará.Mm? Muito bem!"

OSHO - Far Beyond the Stars - a Darshan Diary - Friday July 22nd

tradução: Sw.Bodhi Champak