terça-feira, 30 de novembro de 2010

Barba, Amigo Secreto e Homofobia


Sugiro, principalmente, acompanharem a parte final do vídeo: sobre homofobia. Corroboro as mesmas ideias dele. Esse raparigo consegue me surpreender. Quando acho que já vi tudo dele, todas as viagens, piadas sem graça, piadas com graça, a Lola engraçadinha, enfim, ele ainda consegue me surpreender. Lá por 5:30, do vídeo.

"eu sou branco, católico e heterosexual, mas eu tenho direito de lutar pelos meus direitos. Mas que direito, afinal de contas? Você tem todos os direitos do mundo se você for branco, católico e heterosexual, você é o cara que faz o direito dos outros".

Adorei isso. Esse menino é um pequeno prodígio - além de ser esquisito (o que eu adooooro kkkk). Parabéns por seu trabalho!

Abraços a todos aí!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Mark Ruffalo e documentário Gasland

Mark Ruffalo é a prova de que homens bonitos também têm cérebro (piadinha). Preocupado com o meio ambiente e com política, ele começou a organizar exibições do documentário "Gasland". Por isso, foi adicionado à lista de ameaças à segurança nacional dos EUA. Engraçado, né?! Trazer informações à população é algo perigoso - e os americanos se acham livres. "Livres", sem saber que as informações são filtradas antes de terem acesso a elas.

Notícia: http://cinema.yahoo.net/noticia/carregar/titulo/mark-ruffalo-vira-amea-a-seguran-a-nacional-nos-estados-unidos/id/28094

Trailer de Gasland: http://www.youtube.com/watch?v=dZe1AeH0Qz8&feature=player_embedded

Abraços a todos!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Veiga-Neto e a avaliação na academia

Confirmadíssimo: Alfredo Veiga-Neto virá para minha defesa de mestrado! Será meu avaliador.
Para marcar a data em que recebi essa ótima (e estimulante) notícia, trago um trecho de um texto dele intitulado "Dicas" (bem, vou tentar seguí-las, utilizando-as "contra" ele mesmo).


Esse texto, entenderá quem já passou ou passa pelas diversas formas de avaliação que a vida acadêmica possibilita (TCCs, Bancas de qualificação de dissertação, de defesa de dissertação, de defesa de tese, de submissão de trabalhos acadêmicos/artigos; entre outras formas de avaliação).

É bem mais confortável quando eu estou no papel de Revisora de Texto (de texto dos outros, claro)...
Difícil é quando meu texto é submetido a avaliações.

O trecho que selecionei do texto do Veiga-Neto é: "Revisores, avaliadores e pareceristas"

Bom proveito:

— “Ao sorrir, um avaliador pode estar satisfeito porque você está se saindo
bem ou porque você está sofrendo”.
Corolário: “Procure sempre avaliar se o sorriso do seu avaliador é sinal de
solidariedade ou de sadismo”.
Escólio: “Assim como são as pessoas, são as criaturas” (Adágio popular;
vazio, mas impressiona”.
— “Quando alguém, que você admira e respeita muito, parece mergulhado
em profundos pensamentos, em geral está pensando no próprio almoço” (Bloch, 1977,
p.85).
— “Sempre haverá erros impossíveis de encontrar”.
— “O diabo mora na tipografia” (Antigo adágio popular).
Corolário: — “Os erros mais importantes sempre passarão sem ser notados
até o livro estar impresso” (Bloch, 1980, p.23).
— “Encontrando um erro, a revisão se justifica e não procura mais” (Bloch,
1977, p.43).
— “O maior erro é enviar um original sem erros, para um revisor que vive
disso” (Bloch, 1980, p.45).
— “Nada é impossível para quem não tem que fazer o trabalho ele mesmo”
(Bloch, 1977, p.87).
— “Não importa quanto você faça; nunca terá feito o bastante” (Bloch,
1977, p.69).
— “Para muitos, o que você não fez é muito mais importante do que tudo
que você fez, independentemente do volume e da qualidade do que você tenha feito”.
— “Nenhuma proposta é julgada pelos outros com a mesma proposição de
quem propôs” (Bloch, 1977, p.25).
Corolário 1: “Se você explica a proposta tão claro que ninguém pode deixar
de entender, alguém deixa” (Bloch, 1977, p.25).
Corolário 2: “ Se você faz uma coisa que tem certeza de ser aprovada por
todos, alguém não aprovará” (Bloch, 1977, p.25).
— “Quem avalia é também avaliado”.
— “Os maiores desentendimentos se dão entre os entendidos” (Fernandes,
1984, p.160).

domingo, 7 de novembro de 2010

Afinal (poema perfeito de Pessoa)

Adoro fazer esses recortes dos poemas do Pessoa.
Pego apenas as partes que fazem sentido para mim...
Os recortes são sinalizados pelo símbolo -> [...]

Poema simplesmente perfeito!
Resumiria ele em uma frase: quanto menos me apegar numa ideia de "eu", numa casta, numa forma, mais livre eu sou para ser tudo, para ser do jeito que bem entender, para me sentir parte dessa existência: dinâmica e mutante.

Afinal, qualquer coisa aparentemente estável é apenas um "acordo de sentidos", como diria Campos no poema abaixo.

Façam bom proveito de mais uma obra de arte desse grande escritor intitulada "Afinal".


***

Afinal


Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.

Sentir tudo de todas as maneiras.

Sentir tudo excessivamente,

Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas

E toda a realidade é um excesso, uma violência,

Uma alucinação extraordinariamente nítida

Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,

O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas

Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.


Quanto mais eu sinta,

Quanto mais eu sinta como várias pessoas,

Quanto mais personalidade eu tiver,

Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,

Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,

Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,

Estiver, sentir, viver, for,

Mais possuirei a existência total do universo,

Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.

Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,

Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,

E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.


Cada alma é uma escada para Deus,

Cada alma é um corredor-Universo para Deus [...]


Sou um monte confuso de forças cheias de infinito

Tendendo em todas as direções para todos os lados do espaço,

A Vida, essa coisa enorme, é que prende tudo e tudo une

E faz com que todas as forças que raivam dentro de mim

Não passem de mim, nem quebrem meu ser, não partam meu corpo [...]


Tudo o que há dentro de mim tende a voltar a ser tudo [...]


Sou uma chama ascendendo, mas ascendo para baixo e para cima,

Ascendo para todos os lados ao mesmo tempo, sou um globo

De chamas explosivas buscando Deus e queimando

A crosta dos meus sentidos, o muro da minha lógica,

A minha inteligência limitadora e gelada [...]


Dentro de mim estão presos e atados ao chao

Todos os movimentos que compõem o universo,

A fúria minuciosa e dos átomos,

A fúria de todas as chamas, a raiva de todos os ventos,

A espuma furiosa de todos os rios, que se precipitam [...]


Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio

De estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma [...]

Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Responsabilidade da/na ação

(...) é no fazer que (o homem) se faz constantemente, e nesta relação entre fazer e fazer-se ele cresce e se “define” como homem. O que implica dizer: como ser da ação (da práxis), da cultura, e do discurso (da teoria, da “meditação”), num dinamismo sem precedentes, numa definição aberta, “problemática”, e não acabada. Aí acontece uma mútua dependência: se por um lado o homem só se faz à medida que faz (ação prática), por outro lado ela só faz (com ação consciente) à medida que se faz. É perigoso entendermos só o primeiro lado desta relação. Determinado concretamente pela ação prática, o homem, é a agente e paciente do processo. Não há como os resultados de sua ação não caírem sobre si mesmo. (texto “o que é teoria”, p. 70, Otaviano Pereira)

Nós nos fazemos em ato (por mim)

Num mundo como o nosso, repleto de fantoches, imagens feitas para agradar ao mercado, frases entre dentes, gestos calculados, segundas intenções, passados intocáveis, relações indiscutíveis, inseguranças inconfessáveis, incertezas reprimidas, amores mal-resolvidos camuflados, desejos abafados, segredos irreveláveis, defeitos disfarçados, conhecidos que não se conhecem, enfim, neste mundo de aparências, o maior tesouro que um homem pode ter e querer é desenvolver, com seus pares, relacionamentos baseados na confiança e verdade. Uma personalidade sincera, verdadeira e forte é algo que se pratica, tanto quanto uma personalidade evasiva, camuflada, dissimulada, hipócrita, medrosa e contingente. Em ato nos desenvolvemos - e tenho medo quando vejo um homem atuar dissimulada ou evasivamente, pois creio que está reforçando, em si, esse jeito de ser. Não penso em atos isolados – vejo homens se construindo na ação. Construímos o que somos em ato: a cada vez que escolhemos agir de uma determinada maneira. O mundo, a vida, os que convivem conosco, a existência fazem perguntas, estimulam-nos à ação, requerem de nós respostas verbais ou práticas, esperando para ver se nós agimos, falamos e mostramos nossos corações.

Jeice Campregher